Ansiedade incontrolável que chega a dar falta de ar; um pavor de sair de casa; isolar-se de tudo e de todos; uma tristeza que parece não acabar nunca; um sentimento de inutilidade…”eu não faço falta…eu só atrapalho”; um desinteresse completo por atividades antes prazerosas; não dormir ou dormir demais; ganhar ou perder muito peso sem uma causa aparente; automutilação ou autodepreciação; um cansaço até pra sair da cama; um silêncio quando se é alguém que normalmente fala; pensamentos muito frequentes sobre morte e suicídio…
Vai, pode admitir, ninguém está te ouvindo: você já sentiu algum destes sintomas?
Pois é, eu também. Em maior ou menor grau, todos nós passaremos por um ou mais dos sofrimentos psicológicos acima. Acredite no poder da palavra Desistir,
Tire o D coloque o R que você vai Resistir!
Uma pequena mudança,
Às vezes traz esperança e faz a gente seguir.
Bráulio Bessa
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 3,8% da população mundial sofra de depressão, incluindo 5% dos adultos (4% entre os homens e 6% entre as mulheres), e 5,7% dos adultos com mais de 60 anos.
Evidentemente, esta é uma estatística geral e apenas para depressão, mas se considerarmos isoladamente o grupo dos imigrantes, por experiência própria e observação, suponho que estejamos mais vulneráveis aos sofrimentos psicológicos, tendo que superar diversas e sucessivas fases de adaptação que não raro se acumulam.
E aqui no Hemisfério Norte, com invernos rigorosos e dias mais curtos, com pouca luz solar, o problema parece mais evidente, tanto que existe até uma denominação própria: depressão sazonal ou depressão do inverno.
Porém, este artigo não pretende aprofundar a temática, muito menos fazer diagnósticos. A complexidade dos sofrimentos psicológicos exige cuidado, mas sobretudo atenção.
O meu foco é apenas um: AJA. Se o seu sofrimento (ou de alguém próximo) está afetando a sua vida e ultrapassando perigosamente o tolerável, AJA.
Se pensamentos sombrios – e falo de morte, de matar-se ou a alguém – forem muito frequentes ou se você estiver inquieto por alguém que conheça, AJA, PEÇA AJUDA.
NUNCA se envergonhe, NUNCA se sinta diferente, NUNCA pense que você é inútil ou fraco. E o mais importante: JAMAIS sofra em silêncio.
A maioria das pessoas que se suicidam deixam atrás de si um rastro de angústia e de dor, expressando em atitudes, palavras ou silêncio sua intenção de pôr um fim ao seu sofrimento. Falar abertamente sobre suicídio pode, literalmente, salvar vidas.
Portanto, é crucial estar atento aos comportamentos suicidas. Em caso de dúvida, a palavra de ordem é: AJA!
De acordo com a OMS, devemos ficar alerta aos sinais frequentes de sofrimento e de angústia. Eles permitem que socorramos uma pessoa em perigo de morte. Lembre-se, o suicídio raramente ocorre sem sinais, sem um prévio aviso. AJA:
- Ouça e valorize qualquer mínimo pedido de ajuda. JAMAIS pense que é “mimimi, frescura ou coisa de gente fraca ou de quem não tem o que fazer”. NUNCA diminua o sofrimento alheio.
- Apresente todos os recursos disponíveis, em especial os especializados em prevenção do suicídio e em saúde mental.
- Seja dissuasivo. O suicídio não dá uma segunda chance. Diga claramente as graves sequelas emocionais para a sua família e seus próximos. Descreva as sequelas físicas, por vezes irreversíveis, para quem tenta, sem êxito, se suicidar.
- Sempre alimente a esperança. Use a experiência e a testemunho de pessoas que superaram a angústia e o sofrimento através de ajuda profissional especializada, evitando uma decisão desesperada e sem volta: No suicídio não há um dia seguinte.
- Considere o impacto do suicídio nas famílias e nos próximos, os acolha no seu luto.
AJA!
AMANHÃ PODERÁ SER APENAS UM ADVÉRBIO
Se você ou alguém próximo estiver numa crise com tendência suicida, contacte imediatamente:
Canadá (24h/24h):
- Ligue ou mande um texto (SMS): 988
- https://988.ca/fr
Província do Québec (24h/24h):
- Ligue: 1 866 APPELLE (1 866 277-3553) ou 418-683-4588
- Envie um texto (SMS) : 535353
- Tecle com um-a assistente social em: Clavarder avec un intervenant – Clavardage (chat) | Suicide.ca
- Algumas ferramentas: Mes outils | Mes outils | suicide.ca
No Brasil:
Fontes e Referências
- Association québécoise de prévention du suicide: Association québécoise de prévention du suicide – AQPS
- Como falar de suicídio: Accueil – Comment parler du suicideComo se tornar um sentinela de ajuda (“sentinelle”): Grand public (sentinelles) – AQPS
- Site federal de prevenção ao suicídio: Aider, informer et prévenir le suicide au Québec | Suicide.ca
- Un guide pour la mise en œuvre de la prévention du suicide dans les pays – Organisation mondiale de santé : https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/343053/9789240029620-fre.pdfAcesso em: 01/02/2022.
- Nações Unidas – Brasil. Site: https://brasil.un.org/pt-br/132195-uma-em-cada-cem-mortes-ocorre-por-suicidio-revelam-estatisticas-da-oms. Acesso em: 01/02/2022.